"Os bancos não têm interesse em dificultar a vida dos clientes nem as famílias portuguesas", afirmou o CEO do BES à RTP sobre a liquidação de dívidas de créditos à habitação. Sobre o aumento de crédito às famílias, Ricardo Salgado diz que se vai tornar mais fácil com a queda das "yields" sobre a dívida portuguesa.
“Depende de cada cliente” ou “cada caso é um caso”. São as respostas de Ricardo Salgado, CEO do BES, relativamente à possibilidade de a entrega de uma habitação por parte do morador credor pagar a dívida ao banco, hoje em entrevista à RTP1.
Quando respondia à pergunta sobre se a liquidação do empréstimo poderia ser concretizado através da entrega da casa, Salgado respondeu: “Os bancos não têm interesse em dificultar a vida dos clientes nem das famílias portuguesas”. Mas defendeu que não é uma opção que se siga com frequência.
O CEO do BES mencionou outras opções disponibilizadas pelo banco para situações de dificuldades de pagamentos do crédito à habitação, como o acesso a um fundo de arrendamento – “que está activo [no BES]” – e que consiste no arrendamento de casas a clientes que eram os donos e que têm, posteriormente, a opção de comprar se tiverem condições para isso. Algo que já tinha dito há dois dias atrás, quando disse que o arrendamento era "uma saída possível para casos de famílias em dificuldades com os seus compromissos bancários", como cita a "Visão". Salgado falou também de uma solução em que se entrega residências para o fundo Norfin, participado pela Segurança Social, para onde irão 185 residências, segundo o próprio.
A questão da liquidação dos empréstimos com a entrega de habitações intensificou-se quando, no final de Abril, o Tribunal de Portalegre decidiu que essa entrega pagava todo o crédito.
Até aqui, essa solução tem sido seguida de forma pouco frequente em Portugal, sendo que, em Espanha, foram adoptadas regras que pretendem definir quais são as situações em que se aplica esta decisão.
O Santander Totta, a unidade portuguesa do banco, está disponível, disse o seu presidente hoje na conferência de apresentação de resultados, para a entrega de casa e, posteriormente liquidação da dívida, por parte de “pessoas sem capacidade de pagar”. António Vieira Monteiro acrescentou estar disponível a aplicar as regras espanholas sobre a temática.
Crédito à economia aumenta com queda das "yields" da dívida portuguesa
O CEO do BES e “chairman” da “holding” financeira Espirito Santo Financial Group afirmou, quando questionado sobre o tema na mesma entrevista à RTP1, que a posibilidade de aumentar o crédito à economia só é possível a par da capitalização dos bancos – ambas as entidades que dirige procederam a aumentos de capital – e da desalavancagem.
Além disso, subir o financiamento à economia depende das taxas de juro implícitas sobre a dívida portuguesa. Ricardo Salgado mencionou que, se as “yields” da dívida portuguesa continuarem a verificar a tendência de queda que têm vindo a registar, isso será um “sinal” que se vai “repercutir” na dívida privada. O CEO do BES mostrou-se optimista, dizendo que, no “roadshow” que realizou, a opinião geral era “positiva” no que diz respeito à concretização das medidas de consolidação.
Sobre o tema, disse também que, para reduzir o nível de austeridade imposto, é necessário aumentar o investimento externo, dando como exemplo as privatizações da EDP e da REN mas também os aumentos de capital tanto no BES como no ESFG – que trouxeram 1,5 mil milhões de euros, segundo Salgado.
Fonte: jornaldenegocios.pt
Pedro Santos
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